A arquitetura sempre teve uma relação complementar - às vezes codependente - com a água. A Domus Romana, as Termas de Diocleciano e Caracalla em Roma e a Villa Adriana em Tivoli são alguns exemplos históricos de como a água influenciou o desenho da arquitetura. Em um contexto mais moderno, Frank Lloyd Wright projetou um retiro residencial onde a água é protagonista, redefinindo a relação entre o homem, a arquitetura e a natureza. Hoje em dia, à medida que os arquitetos mudam o foco para uma prática mais contextual, sustentável e orientada para o usuário, o uso da água na arquitetura tornou-se imprescindível para resfriar espaços interiores, tornando-se um ar-condicionado natural quando combinada com plantas, transmitindo a sensação de tranquilidade e servindo como um elemento decorativo orgânico.
Assim como todos os recursos naturais, a água é vital para a sobrevivência dos seres vivos. Ao longo da história, civilizações em todo o mundo construíram seus povoados próximos a rios, canais e costas, e dependiam deles para realizar suas atividades, seja de agricultura, comércio ou alimentação. Quanto mais próximas essas civilizações estavam da água, mais prosperaravam. Além de sua importância como fonte de vida e prosperidade, a água também era um forte elemento decorativo. Interiores residenciais, palácios e praças eram cheios de vida e conectados ao ar livre, integrando riachos e fontes em seus jardins. A Índia, por exemplo, um país em que a água era ao mesmo tempo sagrada e um elemento decorativo vital, foi um dos países que criou sistemas refinados de manejo de água que influenciaram a hidrologia por gerações. Eventualmente, a água tornou-se um recurso essencial de arquitetura e paisagem, com benefícios térmicos, econômicos, decorativos e físicos. E com a contínua progressão da tecnologia e a escassez de água em alguns países, os arquitetos assumiram a responsabilidade de equilibrar a relação entre o consumo e a disponibilidade de recursos naturais.
Países onde o conforto térmico é um desafio usam acessórios de água como sistemas de resfriamento passivo para regular a temperatura de espaços de transição e interiores há séculos. Fontes, piscinas e riachos foram instalados em pátios como um meio de combater o calor seco, como visto em casas orientais tradicionais. Tendo em mente os efeitos evidentes da mudança climática e da rápida urbanização, arquitetos, designers e engenheiros reconheceram os desafios de hoje da água - particularmente os urbanos - e começaram a introduzir sistemas ecologicamente responsivos como parte de estratégias de mitigação climática em projetos de pequena e grande escala.
Estar próximo à água tem efeitos positivos no bem-estar emocional das pessoas visualmente, auditivamente e fisicamente. Foi comprovado que ter uma conexão direta com a natureza é terapêutico, diminuindo o estresse, a ansiedade e as frequências cardíaca e respiratória. Por um lado, os arquitetos estão empregando sistemas com água como solução para desafios ambientais e emocionais críticos. Ainda assim, paralelamente, a água é considarada um elemento lúdico e seu uso é considerado em locais de encontro e comunidade. Esteticamente, o valor da água está em sua fluidez, transparência e reflexividade; suas ondulações animam superfícies sólidas e preenchem as sombras com luz.
Embora a “vida ecológica” tenha aumentado na última década, prevê-se que as pessoas este ano levem a conservação da água a novos patamares, investindo na captação de água da chuva e no paisagismo tolerante à seca para criar formas naturais de tornar suas casas mais sustentáveis. A busca por “arquitetura de captação de água da chuva” aumentou +155%, “projeto paisagístico tolerante à seca” aumentou +385% e “ideias bonitas para barris de chuva” aumentou +100%. Hoje, reduzir as pegadas ecológicas e complementar o espaço com um design de interiores visualmente estético não são mutuamente restritivos. Os designers de interiores estão adotando a beleza que os materiais naturais têm a oferecer, garantindo que seus espaços sejam psicologicamente, fisicamente e ambientalmente seguros.
Neste interior focus, analisamos por meio de 15 projetos de nosso banco de dados como os arquitetos usaram diferentes tipos de elementos com água como um recurso de design central, incorporando-os visualmente e fisicamente em seus espaços internos.
Piscinas naturais e artificiais
Casa Sombra / Ayutt and Associates design
Louvre Abu Dhabi / Atelier Jean Nouvel
Rombo IV / Miguel Angel Aragonés
Sede Wyndham / MIA Design Studio
Fontes e cascatas
Casa Soul Garden / Spacefiction Studio
Aeroporto Jewel Changi / Safdie Architects
Apple Piazza Liberty / Foster + Partners
Casa de fim de semana em São Paulo / spbr arquitetos
Cursos d'água e bacias
Fazenda Karai / RAIN Studio of Design
Wahat al Karama / bureau^proberts + Urban Art Projects
HALAMAN The Courtyard House / ZERO STUDIO
Tanques / Aquários
House with Winery / ATX Architekti
Aquarium House / Rubén Muedra Estudio de Arquitectura
Encontre mais interiores com fontes de água nesta pasta do My ArchDaily criada pela autora.
Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: Água e Arquitetura. Mensalmente, exploramos um tema em profundidade através de artigos, entrevistas, notícias e projetos de arquitetura. Convidamos você a conhecer mais sobre sobre os temas do ArchDaily. E, como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossas leitoras e leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.
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